Páginas

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

PROJETO: A BELEZA DA ÁFRICA NO BRASIL


PROJETO: A BELEZA DA ÁFRICA NO BRASIL
PROFESSORAS: FÁTIMA E IRMA
TURMA: PRÉ I B

O presente projeto foi elaborado por nós professoras, Aparecida de Fátima Garcia e Irma Aparecida Alves, que será desenvolvido no Centro de Educação Infantil Ciranda do Saber, com a turma do Pré I B, com um total de vinte e cinco alunos com faixa etária entre quatro e cinco anos de idade.
  Esse projeto tem como finalidade de se fazer refletir, discutir e viabilizar ações concretas de mudança da mentalidade preconceituosa que nos cerca.
O que se sabe é que nossa sociedade é formada de indivíduos de diversas etnias, religiões e opiniões políticas diferenciadas o que muitas vezes tem gerado situações de conflito.
Cabe a nós professores e mediadores do processo de transformação escolar, assumir o compromisso de ultrapassar o limite de ações, levando nossos alunos a compreender que existe pessoas com opiniões, formas de agir, pensar e de ser, diferentes entre si.
Portanto, respeitar essas diferenças é uma atitude inteligente e conviver com elas, pode enriquecer o conhecimento que cada um de nós já possui.
 A criança é um sujeito social e histórico, pois faz parte de uma família e de diferentes grupos sociais. Sendo assim, em seus vínculos com outras pessoas, estabelece relações onde é marcada e deixa suas marcas também, possuindo um jeito singular que a caracteriza como ser humano.
Esse jeito próprio de ser de cada um possibilita uma interação de diferenças que se organizam por meio de um processo de constantes relações.
Assim, o convívio com as diferença as possibilita na ampliação de horizontes tanto para o professor quanto para a criança e isso permite a conscientização de que a realidade de cada um é apenas parte de um universo maior e que oferece escolhas.
Segundo os Rcneis (1998):
“A criança é um ser social, que nasce com capacidades afetivas, emocionais e cognitivas. Tem desejo de estar próxima às pessoas e é capaz de interagir e aprender com elas e de forma que possa compreender e influenciar seu ambiente.”
Além disso, a criança participa também de ambientes além do Cmei, bem como: festas populares de sua cidade ou do seu bairro, igreja, feira, clubes, parques e desse modo, tem as mais diversas experiências das quais resultam valores, crenças e conhecimentos.
A sociedade brasileira é rica em diversidade étnica e cultural, apresentando  características próprias segundo a localidade ou região em que o Cmei ou escola esteja inserido e que  possibilite sua convivência com outras crianças e adultos de origem e hábitos culturais diferenciados, aprender novas brincadeiras e adquirir conhecimentos sobre realidades distantes.
Sarmento (2007) afirma que:
“Como membros da sociedade, as crianças herdam a cultura dos adultos e são socializadas nesta cultura a partir das interações com seus pais e outros familiares. Mas elas próprias produzem cultura”.
O que se observa na sociedade atual, é que essa diversidade, seja de determinados grupos de pessoas diferentes entre si, com diferentes opiniões, desejos, ideias e diferentes formas de expressão, tem gerado conflitos, o que possivelmente acarreta uma série de problemas, especificamente falando, desigualdade e preconceito.
Portanto, elaboramos esse projeto com o intuito de mostrar aos nossos alunos essa diversidade de pessoas e a importância de saber respeitar para ser respeitado. Sendo assim, através das atividades trabalhadas eles possam conhecer sua história, entendendo que eles são diferentes entre si e com histórias de vida diferentes também.
O que buscamos com isso é desenvolver com nossas crianças a compreensão da diversidade humana.
O antropólogo americano, Clifford Geertz (1998), já afirmava que: “É necessário apreender todo o caráter de uma das várias culturas e, também as diferentes pessoas que integram várias culturas, para então, encontrar a humanidade face a face.”
Então para que seja incorporada pelas crianças uma atitude de aceitar os colegas e compreender as diferenças e particularidades de cada um, nós professoras devemos demonstrar através de nossas atitudes, simples gestos como: de respeito, de amizade, de amor e carinho para com todos, já que por sua vez somos modelo idolatrado e imitado por muitas delas.
Nosso trabalho no dia a dia para o desenvolvimento desse projeto terá como meta, e ao mesmo tempo, o desafio de mudar atitude  e comportamento para amenizar conflitos e promover a igualdade. Por mais que às vezes achamos que nossas crianças sejam imaturas para tais objetivos, temos de arriscar, pois toda a semente plantada, um dia cresce e dá grandes frutos que no nosso caso chamamos de resultados.
Temos de reconhecer que em todos os ambientes nos deparamos com pessoas diferentes e que temos que respeitar e conviver para se viver melhor e mais feliz.
Segundo Mattos: “Reconhece-se na visão a concepção de que as pessoas percebam as diferenças entre os seres humanos, os respeitem, os aceitem e contribuam para que todos tenham as mesmas oportunidades na sociedade da qual fazem parte”.
Percebe-se de imediato que as diferenças entre pessoas se expressam no plano das coisas materiais, religião, personalidade, inteligência, físico, etnia, sexo e cultura.
Essas diferenças acabam gerando desigualdade entre pessoas, e ela torna-se sinônimo de discriminação, injustiça e exclusão.
Portanto, ser excluído ou discriminado é uma forma de preconceito.    Segundo, qualquer dicionário, preconceito significa não tolerar, não aceitar algo que seja diferente.
Hoje se tratando de Brasil, racismo ou preconceito nos sugere rever nossa história há alguns anos atrás: ser humano exercendo poder sobre os demais, brancos, negros, índios e a miscigenação, trabalho escravo e etc.
No Brasil atualmente, o povo afrodescendente ainda sofre preconceito de várias formas. Por esse motivo nosso projeto dará uma atenção toda especial a esse povo sofrido, povo rico em cultura e que ajudou muito no desenvolvimento da nossa nação.
“Na instituição de educação infantil, a criança encontra possibilidades de ampliar as experiências que traz de casa e de outros lugares, de estabelecer novas formas de relação e de contato com uma grande diversidade de costumes, hábitos e expressões culturais.” (Rcneis, 1998).
Acreditamos que o presente projeto e o nosso trabalho em si, possibilitará as nossas crianças, tanto o conhecimento de hábitos, costumes e valores relativo ao povo afrodescendente e sua forte influência na formação do povo brasileiro, quanto permitir que elas estabeleçam relações entre seu dia a dia e esses hábitos costumes e crenças herdadas deles como: vestuário, música, jogos, brincadeiras, brinquedos, alimentação e etc.
  A nossa intenção é que as crianças possam ter noção e ao mesmo tempo, refletir sobre a cultura compartilhada no seu meio social, tendo a preocupação em não haver constrangimento e também não incentivar a discriminação, mas tentar despertar em cada um a consciência de que somos todos iguais perante Deus e diferentes perante os homens e essa diferença é que deve ser respeitada.
Viver de bem com Deus e com seu semelhante, pois debaixo da pele branca ou negra corre sangue vermelho.
Juntos e misturados. Diferentes ou iguais. Que diferença isso faz?
Nenhuma. E viva a DIVERSIDADE!    
 Iniciamos essa aula com a leitura informativa sobre o gorila, devido ao fato de que ao mostrarmos imagens sobre os animais africanos, ele foi o animal que mais chamou à atenção das crianças.
 A confecção do álbum gigante partiu da ideia de que seria interessante registrarmos algumas atividades consideradas relevantes ao longo o projeto.  Na capa, além do nome do projeto, colamos imagens de alguns animais.
A primeira atividade registrada no álbum foi o desenho do gorila feito por uma de nossas crianças.
Olha só o orgulho da turma em mostrar o nosso álbum.
Terminamos essa semana com exibição do filme “Tarzan, o rei da selva”. Este desenho animado conta da história de um menino que num acidente perde seus pais e é criado por uma família de gorilas.
Nessa aula contamos a história do elefantinho que tinha mania de querer tudo para ele, se esquecendo da necessidade dos outros. Isso  tornava um elefantinho egoísta.
Então juntamente com as crianças numa roda de conversa, refletimos e ao mesmo tempo debatemos a atitude do elefante. Logo em seguida, fizemos a dobradura do elefante.
O interessante que para nossas crianças não foi difícil fazer a dobradura.
Iniciamos essa aula com a história “Meu pequeno Chaka”, que fala sobre características, costumes e hábitos africanos. Mostramos as crianças o continente africano e o sul americano relacionando África e Brasil.
Em seguida confeccionamos um globo usando materiais como: bola, jornal, cola e papel sulfite, além de tinta guache para colorir.
           Lemos o poema “Mundo Colorido”, da autora Mari Barbosa.
   Como atividade realizada após a leitura do poema, cada criança construiu seu mundo colorido.
Como o nosso projeto fala da beleza africana no Brasil, trabalhamos nossa bandeira, suas cores e formas geométricas.
    Criamos um espaço na sala chamado “SELVA”, onde fixamos o painel SAVANA AFRICANA.
  Esse painel foi confeccionado com a ajuda das crianças utilizando os seguintes materiais: papel bobina, tinta guache, fita transparente e cola. Em seguida foram colados os animais africanos estudados confeccionados com EVA.
Confeccionamos uma nova chamada e crachás novos.
Cada criança com um animal de sua preferência, usando sua criatividade na pintura.
Para tornar a aprendizagem mais significante, confeccionamos  portas – retratos para a decoração dos espaços da sala.
Colocamos músicas diversificadas onde cada um demonstrou interesse e alegria dançando de acordo com cada ritmo, com as tiras da cortina.  
Decoramos uma caixa para que deixasse o nosso espaço mais organizado, usando mosaicos africanos nessa decoração.
A boneca KADJA nasceu da ideia de criar um mascote para a sala de acordo com o tema do projeto. Ela foi confeccionada por uma mãe de uma das crianças, já trabalhando a diversidade com as mesmas.
A escolha do nome partiu da história contada nas aulas anteriores “África, meu pequeno Chaka”.
Usando bexiga e jornal, confeccionamos juntamente com as crianças, as máscaras.
Como curiosidade, contamos a eles que tribos africanas usam máscaras nas festividades como demonstração de sua alegria, agradecimento das colheitas e em que alguns casos servem para esconder suas tristezas.
Dependuramos as máscaras de forma que ficassem acessíveis para os momentos de brincadeiras das crianças.
Confeccionamos um novo alfabeto todo  colorido com detalhes de um alfabeto africano. As crianças puderam colaborar recortando figuras de animais e pessoas que representam Brasil e África.
Utilizamos folhas de revistas rasgadas para confeccionar o tapete africano para enfeitar o espaço selva.
Pudemos proporcionar as nossas crianças, o trabalho com argila, onde puderam conhecer o material, pois até então não conhecia.
Cada criança criou o seu animal, relacionado. Apresentamos as crianças o poema “DIVERSIDADE”, em forma de painel.
As crianças foram divididas em dois grupos, um grupo colou papeis coloridos como margem e o outro fez o desenho de interpretação do poema.
Para enfeitar ainda mais o espaço Selva trouxemos o gorila Chico que passou a ser integrante do grupo dos animais do tapete africano.
Tivemos a oportunidade de receber a visita do professor Jadson e seus alunos.
Eles apresentaram as danças, Capoeira e Maculelê que são manifestações culturais de origem africana.
Pais e responsáveis dos alunos do nosso Cmei.
Para que os pais tivessem participação no projeto, realizamos uma palestra com a coordenadora das Comunidades Quilombolas de Castro, Rosilda de Oliveira Cardoso juntamente com Roni de Oliveira Cardoso e o professor Maurício. Ambos abordaram assuntos como: preconceito racial, comunidades quilombolas e valores morais.
Com a colaboração dos pais e preparadoras de alimentos, preparamos uma deliciosa feijoada. Assim todos puderam se deliciar com a feijoada que foi servida na hora do almoço.
Além da feijoada tivemos ainda, salada de tomate, couve, refrigerante e laranja.
Confeccionamos roupas em estilo africano para um grande desfile. Nossos garotinhos e garotinhas demonstraram seu potencial com muito charme, elegância, agilidade e alegria, pois estavam orgulhosos de tanta beleza.
Para finalizarmos nosso projeto, além do desfile, apresentamos uma dança ao ritmo de Waka Waka (Esto és África). Com a presença dos pais, professoras e alunos de nosso Cmei e do Cmei Elizabet Macedo Kugler.
Percebemos que este projeto gerou nas crianças situações de aprendizagem reais e diversificadas.
Dessa forma, acreditamos que elas estão se formando como indivíduos críticos, participativos e solidários com os colegas e com outras pessoas ao longo de suas vidas, percebendo a importância de saber conviver e aceitar que de um jeito ou de outro somos diferentes em nosso modo de ser, de agir, de sentir e etc.
Este projeto foi muito importante e gratificante para nós enquanto professoras, uma vez que nos possibilitou perceber o grande potencial em cada uma de nossas crianças quando estimuladas e motivadas a trabalhar com o tema que para nós foi prazeroso e de grande interesse do grupo.
Esse interesse também se evidenciou no desenvolvimento de atividades envolvendo, recorte e colagem, desenho, pintura, modelagem e por meio da satisfação manifestada com suas próprias produções, incluindo o desfile de fantasias e a dança que foi o momento mais marcante do projeto.
Podemos concluir que o resgate da origem, da cultura de diferentes povos, como o povo africano fez-se muito importante na vida de todos, pois fez com que pudéssemos  ensinar e ao mesmo tempo aprender juntamente com nossos alunos. Sendo assim, é preciso favorecer as crianças oportunidades de conhecer e vivenciar de forma convidativa e prazerosa. Uma vez que o resgate cultural de nossa história desempenha um importante papel que é o de conduzir as crianças a fatos reais da vida, contribuindo para que no futuro elas possam sentir orgulho de suas raízes.