PROJETO: DA CABEÇA AOS PÉS
PROFESSORAS: JOCELINA E NATALI
TURMA: CRECHE II B
O projeto “Da cabeça aos pés”, foi desenvolvido com a
turma da creche II B, com 27 alunos, na faixa etária de 2 à três anos de idade,
pelas professoras Jocelina Carneiro Almeida e Natali Ferrreira Santos Castanho
no período de maio à agosto de 2012, que mediou todo o processo de ensino
aprendizagem com atividades voltadas para o corpo humano, onde foi trabalhado
de forma prática, atraente, eficaz, lúdica e prazerosa, estimulando e ampli ando as experiências,
através da curiosidade, imaginação e conhecimento.
Percebemos o interesse de nossas crianças pelo seu
próprio corpo e analisando suas descobertas é que sentimos a necessidade de
proporcionar e desenvolver atividades que estimularam a criança à aprender a
cuidar de seu próprio corpo tendo a aquisição de orientações básicas de
autoconhecimento e higiene pessoal, garantindo sua boa aparência e saúde.Segundo
a teoria de Henri Walon, o trabalho com o corpo é fundamental, por ser ele um
vínculo de relação com o mundo. É por meio dele que a criança entra em contato
com o mundo, descobre e estabelece relações consigo, com o outro e com tudo que
está a sua volta.
As brincadeiras com o corpo permitem a criança explorar
suas possibilidades, adquire confiança em si mesmo e descobre suas
potencialidades e limites. O professor deve observar e estimular os movimentos
da brincadeira de cada criança, individualmente ou em grupo, favorecendo a
realização de movimentos que incluem força muscular, destreza, agilidade e flexibilidade,aproveitando
esses momentos para que a criança reconheça, nomeie e localize as partes do
corpo em si e no outro, ao mesmo tempo em que atende a necessidade de movimento
da criança de correr, saltar entre outros.
As atividades que envolvem o corpo desenvolvem a noção de
espaço e posição: dentro/fora; em cima/ embaixo; para frente/ para trás; entre
outros. Isto favorece a aquisição de noções matemáticas e a descoberta do mundo
a sua volta. "Froebel acreditou na criança, enalteceu sua perfeição, valorizou
sua liberdade e desejou a expressão da natureza infantil por meio de
brincadeiras livres e espontâneas. Instituiu uma pedagogia tendo a
representação simbólica como eixo do trabalho educativo, sendo reconhecido por
isso como psicólogo da infância".
Nessa mesma direção, YAMIN (2001, p.12) aponta que o aprendizado nos jardins de infância
"ocorria a partir de ações que exigissem o desenvolvimento dos movimentos
físicos, juntamente com o funcionamento dos processos mentais. Todas as
atividades simples do dia-a-dia feitas em contato com a natureza eram a base
para seu currículo". Para que as crianças possam ampliar o seu
aprendizado, é preciso que os conceitos de educação estejam de acordo com as
necessidades e seus interesses. Durante a brincadeira a criança assimila sem se
dar conta. Por meio das atividades lúdicas a criança satisfaz seus desejos e
representa a realidade que as circunda. Para o Referencial Curricular Nacional
(BRASIL, 1998, p.15), o movimento é uma importante dimensão do desenvolvimento
e da cultura humana, visto que, "as crianças se movimentam desde que
nascem adquirindo cada vez maior controle sobre seu próprio corpo e se
apropriando cada vez mais das possibilidades de interação com o mundo".
Ao analisar os conteúdos de movimento apresentados nesse
referencial, verifico que eles foram organizados em blocos: a expressividade, o
equilíbrio e a coordenação.
Expressividade: nessa direção, o Referencial Curricular
Nacional (BRASIL, 1998) sugere atividades para crianças de 0 a 3 anos: reconhecimento
progressivo de segmentos e elementos do próprio corpo, expressões de sensações
e ritmos corporais por meio de gestos, posturas e da linguagem oral. Na
atividade lúdica, para crianças de 4 a 5 anos, por meio da mediação do adulto,
o jogo desenvolve a memória, a atenção, a linguagem, a imaginação e a
personalidade.
Equilíbrio e coordenação: para as crianças de 0 a 3 anos
são sugeridas atividades de exploração de diferentes posturas corporais,
ampliação da destreza progressiva para deslocar-se no espaço e aperfeiçoamento
dos gestos relacionados com encaixe, traçado de desenho, entre outros. Para
crianças de 4 a 5 anos, são envolvidas atividades de correr, subir, descer,
movimentar-se, dançar, entre outros.
Por meio dessas atividades anteriormente sugeridas,
percebo que todas estão relacionadas apenas ao desenvolvimento do corpo, como
se o pensamento e as emoções estivessem fora dele. Certamente, essas atividades
propostas são importantes para o desenvolvimento da criança, entretanto, o
movimento não se restringe ao desenvolvimento das aprendizagens físicas e
motoras.
O trabalho com o movimento não pode ser direcionado
apenas para o desenvolvimento físico da criança. Pois a criança precisa nominar
o seu movimento conscientemente para que tenha oportunidade de explorar o
ambiente, criar novas relações de relacionamento com o seu corpo, de conhecê-lo
e aprender a usá-lo de forma benéfica, funcional e intencional. (MELLO, 1996)
No que diz respeito ao domínio psicomotor para Schinca (1991), a
psicomotricidade baseia-se nos princípios de desenvolver as faculdades
sensoriais e mentais da criança de forma equilibrada, abrindo um campo de livre
expressão, necessário para incentivar sua criatividade, seu potencial interior
e a inter-relação ativa e positiva com as demais crianças. Ignorar estas
questões faria dos movimentos uma mera repetição mecânica dos gestuais, por
mais belos e perfeitos que possam ser.
Já nos primeiros meses de vida a criança começa a
perceber elementos do seu corpo e das pessoas que a cercam. Olhando para suas
mãos e pés, lentamente consegue levá-los a boca. As informações sobre a forma,
cor, gosto, vão associar-se a outras que se referem à postura adotada por
alguma parte do corpo ou a movimentos que se realize. É um processo que se
realiza lentamente, com o acúmulo progressivo de experiências da visão do
próprio corpo, sentindo esse corpo, essa mão que vejo e sinto é minha. Na
construção do esquema corporal, além da maturação neurológica e sensorial
estimuladas pelos exercícios e pela
experimentação, é de suma importância a experiência
social, porque antes de conhecermos o nosso corpo, conhecemos o corpo do outro.
De acordo com Vygotsky (2007), é a partir dos dois aos
cinco anos de idade, que as crianças aumentam a qualidade de discriminação perceptiva
em relação ao próprio corpo. O repertório de habilidades motoras aumenta com a
compreensão mais exata, uma locomoção mais coordenada o que facilita a
exploração do meio. As atividades psicomotoras auxiliam as crianças a
adquirirem noção de espaço, lateralidade, orientação em relação a seu corpo às pessoas
e objetos. O ritmo traduz uma organização dos fenômenos sucessivos, tanto no
plano da motricidade, quanto no plano da percepção dos sons emitidos no curso
da linguagem (LE BOUCH, 1998, p. 100).
Para iniciarmos o nosso projeto,
passamos um vídeo da turma da Mônica: “O corpo fala”, que aborbava a
importancia das sensações que percebemos
em nosso corpo e que através destas é que sentimos frio, calor, dor, cócegas,
quente, gelado, entre outras.
Montamos um tapete com as partes
do corpo, utilizando diversos materais com: papelão, TNT,tinta guache eretalhos
de EVA, onde as criança puderam identificar as partes do corpo e onde elas se
encontram. Ficaram atentos a
detalhes do rosto como: nariz, boca,
cabelos e foi a maior festa ao pintar a grama de tnita guache com os dedos. Todos
participaram e se divertiram na montagem do tapete e compreenderam que se
juntamos todas as peças o emaranhado de recortes pode se transformar em belos trabalhos coletivos.
Nesta atividade, as crianças
usanram a imaginação e com massinha de modelar, tentaram reprodizir como elas
se veêm, não esquecendo de partes como braços, pernas, pés e mãos, cada um
desenvolveu do seu jeitinho, dentro do limite de suas percepções.
Também levamos a lupa para a sala, as
crianças ficaram observando curiosas vários objetos, inclusive nosso corpo, com
o auxílio das professoras, um observou o outro, de modo que puderam ver
diversos detalhes e alguns alunos até conseguiram perceber diferenças entre um
colega e outro, como cor dos olhos, cabelos, uns tinham pintinhas, outros nãoe
comprenderam que até os dedos das nossas mãos são diferentes.
Dentre muitas das atividades que realizamos com as mãos,
destacou-se esta do seu contorno, onde nossos alunos desenharam cada um a sua
mão e fizeram comparações de forma e tamanho uns com os outros e se encantaram
ao perceber tantos tamanhos diferentes.
Depois de muito se observar em um espelho de verdade,
combinamos com as de montar o nosso próprio espelho. Elas se comprometeram em
colaboram em todas as etapas da confecção e ficaram encantadas ao perceberem
sua imagem refletida no espelho que nós fizemos utilizando CD’s, papelão, EVA, papel
laminado e fita larga.
Confeccionamos junto com as crianças bonecas de EVA onde
trabalhos novamente as partes do corpo, as crianças ajudaram na confecção de
todas as partes: cabelos, braços, pernas, pés entre outras, colamos suas
mãozinhas em determinadas partes do corpo das bonecas para em seguidas
cantarmos uma música e ficaram encantadas com o que podemos formar com alguns retalhos de EVA, palitos de
churrasco,cola e bolinhas de isopor.
Aqui já estamos cantando a música “Cabeça, ombro, joelho
e pé”, da Xuxa, para junto com a música tocarmos as partes do corpo, nos
divertimos de montão e com a sensação do toque, descobrimos que temos vários
sentidos.
Brincando de cobra-cega, as crianças puderam perceber
através do toque a importância que a visão tem e que precisamos dela para
desviar de obstáculos, percebermos como nosso colega é e sentiram na pele como
é o mundo de uma pessoa que não enxerga.
Utilizando vários efeitos sonoros, como a música batidas
em latas, vidros, papel amassado e inclusive o silêncio, conseguimos transmitir
a importância da audição nossa comunicação, descobrimos também como uma pessoa
que não ouve, pode ter dificuldade para se comunicar com outras pessoas.
As crianças
perceberam vários aromas diferentes: perfume, capim limão, álcool gel e folhas
naturais e pudemos perceber que até as flores exalam um perfume gostoso,
ficaram comparando que cheiro era mais gostoso e se entusiasmaram ao
descobrirem quantos cheiros podemos encontrar em um mesmo ambiente.
Degustando diversos alimentos, de vários sabores, como:
pães, frutas e pirulitos, conseguiram diferenciar entre doca, salgado e azedo.
Foi uma atividade muito prazerosa, onde as crianças puderam demonstrar suas
preferências e comeram o que gostavam.
Para finalizar nossas atividades com os sentidos,
montamos um painel, onde através de músicas, demos significado para cada um
dele e com o desenho de uma mão, mostramos que os sentidos são cinco e por meio
de cada dedo, os representamos através de objetos concretos: paladar;
representado por uma bala, visão; representada por um espelho, olfato;
representado por uma flor, audição; representado por um apito e o tato;
representado por um pedaço de algodão.
Nesta atividade,
montamos um boneco de meia com as crianças, sempre buscando trabalhar as partes
do corpo. Com ele pronto, ajudaram na escolha das roupas e do nome do nosso
mascote. Levaram Vinagre para a hora do sono, refeitório, parquinho e até o
apresentaram para os pais, foi uma
diversão brincar com o novo amigo.
Com o esqueleto foi a maior festa, brincaram junto com as
professoras, manusearam sozinhos, andavam com eles sobre os pés, desmontavam e
depois queriam auxílio para montar e colocá-lo em pé,observaram ele por dentro,
descobriram o que temos embaixo de nossa pele e em momento algum demonstraram
timidez ou medo para mexer no esqueleto.
Realizamos uma atividade texturas: espuma, algodão, lixa
e cascas de bala, na qual trabalhamos as partes do corpo e aproveitamos para
explorar as formas geométricas. As crianças ficaram por vários períodos
esfregando a mão no boneco para identificar as variadas texturas e faziam
comparações entre a mais macia, a mais áspera, a mais fina e a mais grossa.
Fizemos o tapete com a música “Minha boneca de lata”,
dançamos e cantamos a em cima dele, trabalhando as partes do corpo, em seguida,
decidimos a pedido das crianças montar a nossa boneca de lata, então encapamos
algumas lata com papel alumínio e as juntamos com o auxílio de elásticos para
que nós conseguirmos move-la, dando vida a nossa boneca. Colocamos um vestido
de uma de nossas crianças e dançamos com ela de montão.
Como uma boa higiene é muito importante para manter nosso
corpo saudável, realizamos também um banho pedagógico, explicamos a nossas
crianças que o banho é uma necessidade diária, igual comer e dormir e que se
não o fazemos com essa freqüência podem surgir doenças em nosso corpo como
alergias, frieiras entre outras, sem contar que o cheirinho não fica agradável
e ressaltamos que todos gostam de pessoas bem limpas e cheirosas.
Dando continuidade ao trabalho com a higiene, convidamos
as agentes comunitárias de nosso bairro para apresentarem as crianças o “Teatro
dos dentes” e assim sendo nos ajudaram a trabalhar a que uma boa limpeza bucal
também é importante, adoram o teatro com a história da Fada dos dentes lutando
para vencer o monstrinho Seu Micróbio, explicaram para as nossas crianças que
quando não escovamos nossos dentes, o Seu Micróbio nasce em nossa boca e começa
a comer nossos dentinhos que ficam doentes e começam a doer e só o dentista é
quem poderá curar os nossos dentes.Elas nos ensinaram a forma correta da
escovação utilizando o escovodromo, foi um dia muito divertido para nossa
turminha.
Para finalizar nosso projeto, realizamos junto com as
mães uma massagem,onde tivemos uma troca de afagos e carinhos de mãe com filho,
do filho com a mãe e aluno com aluno,
teve até quem trocasse de mãe para receber mais massagem,direcionamos para
diversas partes do corpo e recebemos muito carinho entre professores, mães e
alunos.
Pudemos observam que através das atividades oferecida, as
nossa crianças conseguiram identificar as partes do seu corpo e do corpo dos
colegas e a importância que cada uma possui. Agora identificam detalhes do
rosto, diferenças pessoais e de gênero, se tornaram mais independentes e
seguras para se relacionar dentro do grupo. Vários adquiriram autonomia para se
vestir, se alimentar e aprenderam a superar seus próprios limites, explorando
diversas posturas nos momentos de interação e possibilitando gestos,mímicas e
ritmos corporais, através de músicas e brincadeiras.Compreenderam que nosso
corpo fala e se ficarmos atentos para ouvi-lo, podemos perceber e experimentar
várias sensações.