Páginas

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

PROJETO: SÃO TANTAS EMOÇÕES


PROJETO: SÃO TANTAS EMOÇÕES
PROFESSORAS: GILMARA E MÔNICA
TURMA:  CRECHE III A

O projeto “São tantas Emoções” foi realizado com os 25 alunos da Creche III A do Centro Municipal de Educação Infantil Ciranda do Saber pelas professoras Maria Gilmara de Oliveira e Mônica Aparecida de Oliveira, entre os meses de fevereiro a novembro de 2012.
O projeto foi elaborado a partir de observações realizadas pelas professoras da turma, onde identificaram a necessidade de contribuírem para a formação da identidade e a socialização da criança no grupo, pois é o primeiro ano que freqüentam um CMEI e devido ao fato de estarem vivendo uma nova emoção todo dia... Umas não várias emoções, o que os fizeram entrar em conflito com uma “explosão” de sentimentos, nunca antes vivenciados.
  O projeto contribui para o desenvolvimento emocional dos envolvidos, possibilitando o reconhecimento de diversos sentimentos.
O papel das emoções nas aprendizagens e nos relacionamentos dentro da escola exige que se pense em “educar” as emoções e em fazer com que os alunos também se tornem aptos a lidar com as suas frustrações, que aprendam a negociar com os outros, a reconhecer as próprias angústias e medos.
Segundo Daniel Goleman, “emoções são sentimentos que se expressam por impulsos e numa vasta gama de intensidade, gerando idéias, condutas, ações e reações. Quando trabalhados, equilibrados e bem conduzidos transformam-se em sentimentos elevados, sublimados, tornando-se, aí sim, virtudes.”
As crianças podem gradativamente desenvolver uma percepção integrada do próprio corpo por meio de seu uso na realização de determinadas ações pertinentes ao cotidiano. É importante que elas possam perceber seu corpo como um todo integrado que envolve tanto os diversos órgãos e funções como as sensações, as emoções, os sentimentos e o pensamento. (RCNs. Pag. 179).
Desta forma resolvemos seguir “Pestalozzi” que apresenta uma concepção de homem que transcende o ser social, para ele, o ser humano também possui um aspecto moral e espiritual. Para realizar plenamente, não basta cumprir deveres e ver seus direitos respeitados.
Precisa amar e ser amado, ter alguma crença na divindade, criar uma consciência moral autônoma, que se manifeste em solidariedade e humanismo autênticos.
Por isso, sempre foram dosadas as atividades, pois se enfatizar apenas o cidadão só se fala de regras, limites, negociações e se adotar a dimensão moral/espiritual/social, será falado sobre estímulos, afetividade, doação, diálogo. Os dois se completam. Além dos direitos e deveres, a crianças precisa sentir valores como justiça e solidariedade.
Sentimentos não se impõem, despertam-se num processo lento, porém mais eficaz.
Para despertar fraternidade e formar uma consciência autônoma em vez de impor regras e condicionar o comportamento, criou-se uma atmosfera de afetividade, exemplos e diálogos, através de diversas histórias e contato com os pais para troca de informações sobre as crianças.
Professores e responsáveis pelas crianças procuraram agir com doação e renúncia, compreensão e afeto, acima do desejo de impor limites e estabelecer regras. A criança amada, feliz, estimulada para o bem e respeitada será o bom cidadão de amanhã.
Ao criar, manipular materiais concretos, expressar sentimentos e tomar contato com manifestações artísticas, as crianças descobrem um universo amplo, de muitas possibilidades e experiências. Além disso, ampliam sua percepção do mundo, desenvolvem os sentidos e as relações que mantêm entre si, além de exercitar as habilidades motoras.
Pode-se afirmar que não é fácil decifrar os sentimentos que são “sentidos” pelas outras pessoas e, também, usar os conceitos adequados para simbolizar o percebido tanto nos outros quanto em nós mesmos.
Temos emoções durante o dia todo. Algumas dessas emoções podem ser percebidas por outras pessoas, outras não. Nem sempre, mas com freqüência, nós fornecemos pistas para mostrar as emoções sentidas, indicando que estamos dominados por algumas delas e não por outras. Isso tem grande importância para nossas relações interpessoais.
As crianças aprendem acerca dos seus sentimentos e das emoções experimentadas subjetivamente, em grande parte, através das informações e ou respostas dadas pelas pessoas que convivem com elas, principalmente pelos adultos, que, além de reagirem às emoções das crianças, as classificam, isto é, dão nomes a cada uma delas. Essa conduta, em resposta às expressões emocionais e aos sentimentos exibidos explícita ou implicitamente pela criança - comentários ou condutas abertas da pessoa que se encontra próximo - fornece informações de seus processos corporais.
Wallon foi o primeiro a levar não só o corpo da criança, mas também suas emoções para dentro da sala de aula. Fundamentou suas idéias em quatro elementos básicos que se comunicam o tempo todo: a afetividade, o movimento, a inteligência e a formação do eu como pessoa. As emoções, para Wallon, têm papel preponderante no desenvolvimento da pessoa. É por meio delas que o aluno exterioriza seus desejos e suas vontades. Em geral são manifestações que expressam um universo importante e perceptível, mas pouco estimulado pelos modelos tradicionais de ensino.
O projeto teve início com o espaço “Você tem medo de quê?”, onde os alunos em uma roda de conversa contaram seus medos e anseios. Para montagem do espaço confeccionamos tapetes pedagógicos com gravuras de objetos, animais e coisas que os assustam, também foram usadas diversas técnicas de pinturas para confecção de móbiles e brinquedos do espaço.
Durante o projeto foram realizadas diversas atividades em frente ao espelho, explorando seus sentimentos diários e dramatizações nas brincadeiras, tanto livres quanto dirigidas, tinham a oportunidade de se admirarem e admirarem seus colegas no espelho.
E como foi divertido e legal fazer massinha, desenvolveram o trabalho em equipe e o respeito pelo colega esperando sua vez de amassar, puderam dividir sua satisfação com os familiares levando um pedaço da massinha depois de pronta para brincarem e mostrarem o resultado do trabalho em equipe.
Com o primeiro passeio de trenzinho demonstraram diversas emoções, ficaram ansiosos, assustados, nervosos, felizes e alguns puderam até superar o medo do desconhecido, pois nunca haviam visto de perto o trenzinho da alegria.
Demonstraram muita autonomia no painel “Hoje eu estou...”, chegavam e já mostravam como estavam se sentindo naquele dia, conversando e comentando com os colegas e professoras o porquê estavam sentindo-se assim.
Puderam expressar toda sua raiva, arremessando contra a parede uma tampinha cheia com tinta, ao final dessa atividade apreciaram a pintura feita no painel anexado na parede.
Não se pode falar em emoção e alegria sem lembrar o amigo da criançada, o palhaço, essa figura tão divertida e alegre foi trabalhada em sala com histórias, dramatizações das emoções contidas nas mesmas, com diversas músicas e, sobretudo pinturas no rosto, onde as crianças se maquiaram e incorporaram o personagem.
Se no primeiro passeio de trenzinho demonstraram diversas emoções imagine no primeiro passeio de ônibus, quantas emoções...  Alegria e entusiasmo não  faltaram no passeio, medo nem pensar. Fomos até a Casa da Cultura, apreciar a Exposição de Artes da artista Camila Vieira, que tinha como título “SERES SUPRA-SENSÍVEIS”. Ficaram admirados com a beleza e ao mesmo tempo curiosos com os quadros e obras tão diferentes e estranhas.
Na volta fizeram muita Arte, misturando, descobrindo e colorindo com tinta. Como haviam ficado admirados com os “monstrinhos” da exposição, resolvemos fazer seus próprios monstrinhos com uma atividade de pintura gêmea. Chamaram “Os seres supra-sensíveis” “de” “monstrinhos”. Cada criança usou a criatividade e coloriu com bastante entusiasmo. Além de se divertirem realizando a atividade, aprenderam as cores primárias e misturaram as cores descobrindo as secundárias.
As histórias infantis despertam diversos sentimentos e emoções, através delas as crianças viajam no mundo fantástico da imaginação, nelas são princesas, príncipes, bruxas e lobos malvados sem medo de ousar e usar a criatividade nas brincadeiras e dramatizações. Descobriram que não são apenas as pessoas que sentem medo, os animais também sentem e nada melhor que a história dos “Três porquinhos” para observarem essas atitudes e valores dos animais. A almofada BRAVA também fez parte dessa dramatização.
  Trabalhamos o medo do escuro, fechando as cortinas e portas da sala num dia chuvoso com o objetivo de contar histórias com personagens que amedrontam no escuro. Assim puderam perceber que os personagens não são reais, isso depende da imaginação de cada um, e quando acendemos a luz tudo está no mesmo lugar. As crianças adoraram desenhar somente com a iluminação de uma lanterna, apesar de enxergarem pouco, devido ao escuro, divertiram-se muito, conversavam e comentavam seus desenhos uns com os outros.
A tinta mexe com a imaginação de todo ser humano quem dirá das crianças, no decorrer do projeto foram realizadas diversas atividades com tinta. Diversão, concentração, medo e até raiva fizeram parte das atividades, realmente pintaram o sete!
Quantas emoções nessa Festa participaram da primeira Festa Junina do Cmei Ciranda do Saber. Momentos de alegria, diversão e amizade fizeram da festa ainda mais animada. Foram nesses momentos que as crianças demonstravam todo seu amor, carinho e respeito pelos colegas, cuidando, brincando e interagindo com todos. Fizeram a Festa!
Cada brincadeira uma emoção... Diversas brincadeiras foram realizadas para trabalhar regras e limites, tais como: dança da laranja, brincadeiras com bola, pegando a bala na bacia, bolinha de sabão, brincadeiras com bexiga, com música e pega-pega.
Para deixar o espaço “Quebrando a cabeça” ainda mais divertido e atraente, os alunos confeccionaram jogos pedagógicos. Nesse espaço desenvolveram seu raciocínio lógico matemático, montando quebra-cabeças, jogando o boliche, jogo da memória, brincando e separando tampinhas, além de explorarem o espaço usando a imaginação nas brincadeiras.
Trabalhamos com três ritmos de músicas calma, batucada e agitada. Foram realizadas atividades de grafismo, desenhando ao som desses ritmos. Cada ritmo, emoções, desenhos e movimentos diferentes. Foi através da música que exploramos o corpo, a linguagem, o movimento, a noção espacial e a lateralidade.
Os alunos tiveram a oportunidade de superar o medo de altura, no pátio externo do Cmei fomos até as manilhas, subiram e pularam das mesmas. Alguns ficaram felizes ao pular, outros sentiram medo e não se arriscaram.
Passeando pelo Cmei, os alunos encontraram um besouro, alguns superaram o medo e tentaram segurá-lo. E sem contar a curiosidade ao ver as máquinas envolvidas nas reformas do bairro.
Confeccionamos um dado das emoções, onde os alunos imitaram a fisionomia sorteada no dado, dramatizaram as situações correspondentes, além de brincarem e se divertirem muito com o novo brinquedo da turma.
Com o decorrer do projeto mandamos para casa dos alunos “A maleta dos sonhos” (uma contendo livros de histórias, DVD’s e CD’s com músicas infantis), onde tiveram a oportunidade de passar momentos emocionantes em família. Dentro da maleta havia um caderno de registros para que os pais pudessem relatar como foi a chegada da maleta em casa, qual reação a criança teve e se foi prazeroso recebê-la em casa.
Para trabalhar o medo dos animais desenvolvemos atividades com a história “O patinho medroso”, os alunos ouviram a história com atenção e dramatizaram as situações vividas pelo patinho. Foi confeccionado um painel com a história para anexar no espaço “Você tem medo de quê? ’, depois de pronto o painel os aluno ficavam apreciando, contando e recontando a história.
Os alunos ficaram felizes em ajudar a fazer os brigadeiros, esperaram sua vez sem reclamar e ainda prestaram atenção na professora para não fazer feio, e ainda conseguiram controlar a vontade de dar uma mordida naquele delicioso brigadeiro, mas como era pra saborear no dia da televisão, um policiava o outro e ninguém comeu o brigadeiro antes da hora. Depois de pronto todos ficaram ansiosos para comer e assistir o filme do “Amigo Urso”.
Foram vários os momentos de alegria, amizade e companheirismo, assistindo diversos DVD’s onde foram destacados valores como: amizade, respeito, paciência e trabalho em equipe.
No espaço “Sorrindo à toa” os alunos tiveram a oportunidade de cantar, dançar e aprender algumas letras nos móbiles do espaço. Nesse espaço podiam pegar os livrinhos do castelinho e viajar no mundo das histórias infantis, sem contar dos cartazes confeccionados por eles nas paredes do espaço.
Nas brincadeiras livres também viveram diversas emoções, momentos de alegria, amizade e diversão no parquinho, o lugar predileto doas crianças. Quantos sorrisos, conversas, brincadeiras e até choros devido aos desentendimentos, mas sempre resolvidos e esquecidos, afinal ser criança é viver num mundo de brincadeiras.
Confeccionamos um “Túnel do grito”, onde cada vez que os alunos sentiam raiva ou algum sentimento de braveza, iam até o túnel e gritando bem alto, para extravasar sua raiva. Esse túnel foi bastante disputado no espaço “Você tem medo de quê?”.
A música do Cravo e a Rosa fez o maior sucesso com a turma, os alunos puderam perceber e observar os sentimentos existentes na música. Adoraram dramatizar a música e foi a mais solicitada pelos alunos nas rodas de conversa.
Os alunos ficaram ansiosos para conhecer o cinema, pois esse lugar para muitos era até então desconhecido, alguns ficaram curiosos e outros sentiram medo, mas no final todos se divertiram.
   Desenvolvemos na sala o momento do carinho, onde parávamos tudo que estávamos fazendo para distribuir abraços. Esse momento deu tão certo que saímos nas outras turmas distribuindo abraços e carinho para todos.
Quantas emoções durante todo o projeto, outro momento inesquecível foi o passeio na Prainha e o Piquenique no Morro do Cristo onde viveram várias emoções, carinho, alegria cuidado com o colega e o amor que esteve presente em todos os momentos juntos.
Trabalhamos o medo que alguns alunos tinham de dentista, convidando a dentista Débora e sua equipe para desenvolver atividades destacando a importância da higiene bucal e desse profissional para tratar dos dentes e do sorriso de todo mundo.
Confeccionamos as almofadas amigas que ficavam no espaço “Sorrindo à toa” para as crianças dramatizarem, brincarem e até descansarem com as amigas almofadas. Cada criança se identificava com uma almofada se tornando sua preferida nas brincadeiras.
Para finalizar nosso projeto organizamos a FESTA DA AMIZADE no Cmei. Convidamos todas as turmas e chamamos os palhaços Alegria e Sorriso para divertir a criançada. A festa teve várias emoções e pra finalizar os alunos foram distribuir pirulitos nas outras turmas.
Os alunos apresentaram confiança nas professoras, nos colegas e no Cmei, respeitando e demonstrando carinho pelos colegas, uma reciprocidade de gestos e palavras de carinho. Também uma confiança muito grande para contar seus medos e anseios de casa e do Cmei.
No início tinham dificuldade em demonstrar seu carinho e sentimentos pelos colegas e professores. Atualmente conversam e interagem com respeito uns pelos outros, quando acontece alguma divergência eles próprios procuram conversar e se desculpar.
Com o passar do tempo, os alunos antes nervosos e agitados conseguiram e fizeram nós percebermos que quando falamos, conversamos com a família e com os próprios alunos sobre seus medos, alegrias, tristezas e o porque choram, brigam ou ficam bravos, isso faz-se possível um ambiente mais cooperativo, tranqüilo e com muito amor.
Foi gratificante vê-los chegando na sala alegres e receptivos, como cada gesto, palavra de carinho com os colegas e professoras, fez valer a pena todo o trabalho desenvolvido.
E como diz a música “se choramos ou se sorrimos, o importante é que emoções viveram...”





















REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GOLEMAN, Daniel. Inteligência emocional: a teoria revolucionária que redefine o que é ser inteligente. Rio de janeiro: Objetiva, 1995.

RCN’s, Referencial curricular nacional para a educação infantil. Volume3: Conhecimento de mundo. Brasília, 1998.

NAVARRO, Adriana de Almeida. Estimulação precoce: Inteligência Emocional e Cognitiva. Ed.

ALVARENGA, Galeno. O poder das emoções. 2010.

Site: educarparacrescer.abril.com.br/aprendizagem/henri-wallon-