PROJETO: SÃO TANTAS EMOÇÕES
PROFESSORAS: GILMARA E MÔNICA
TURMA: CRECHE III A
O projeto “São tantas Emoções” foi realizado com os 25
alunos da Creche III A do Centro Municipal de Educação Infantil Ciranda do
Saber pelas professoras Maria Gilmara de Oliveira e Mônica Aparecida de
Oliveira, entre os meses de fevereiro a novembro de 2012.
O projeto foi elaborado a partir de observações
realizadas pelas professoras da turma, onde identificaram a necessidade de
contribuírem para a formação da identidade e a socialização da criança no
grupo, pois é o primeiro ano que freqüentam um CMEI e devido ao fato de estarem
vivendo uma nova emoção todo dia... Umas não várias emoções, o que os fizeram
entrar em conflito com uma “explosão” de sentimentos, nunca antes vivenciados.
O projeto
contribui para o desenvolvimento emocional dos envolvidos, possibilitando o
reconhecimento de diversos sentimentos.
O papel das emoções nas aprendizagens e nos
relacionamentos dentro da escola exige que se pense em “educar” as emoções e em
fazer com que os alunos também se tornem aptos a lidar com as suas frustrações,
que aprendam a negociar com os outros, a reconhecer as próprias angústias e
medos.
Segundo Daniel Goleman, “emoções são sentimentos que se expressam
por impulsos e numa vasta gama de intensidade, gerando idéias, condutas, ações
e reações. Quando trabalhados, equilibrados e bem conduzidos transformam-se em
sentimentos elevados, sublimados, tornando-se, aí sim, virtudes.”
As crianças podem gradativamente desenvolver uma
percepção integrada do próprio corpo por meio de seu uso na realização de
determinadas ações pertinentes ao cotidiano. É importante que elas possam
perceber seu corpo como um todo integrado que envolve tanto os diversos órgãos
e funções como as sensações, as emoções, os sentimentos e o pensamento. (RCNs.
Pag. 179).
Desta forma resolvemos
seguir “Pestalozzi” que apresenta uma concepção de homem que transcende o ser
social, para ele, o ser humano também possui um aspecto moral e espiritual.
Para realizar plenamente, não basta cumprir deveres e ver seus direitos
respeitados.
Precisa amar e ser amado, ter alguma crença na divindade,
criar uma consciência moral autônoma, que se manifeste em solidariedade e
humanismo autênticos.
Por isso, sempre foram dosadas as atividades, pois se
enfatizar apenas o cidadão só se fala de regras, limites, negociações e se
adotar a dimensão moral/espiritual/social, será falado sobre estímulos,
afetividade, doação, diálogo. Os dois se completam. Além dos direitos e
deveres, a crianças precisa sentir valores como justiça e solidariedade.
Sentimentos não se impõem, despertam-se num processo
lento, porém mais eficaz.
Para despertar fraternidade e formar uma consciência
autônoma em vez de impor regras e condicionar o comportamento, criou-se uma
atmosfera de afetividade, exemplos e diálogos, através de diversas histórias e
contato com os pais para troca de informações sobre as crianças.
Professores e responsáveis pelas crianças procuraram agir
com doação e renúncia, compreensão e afeto, acima do desejo de impor limites e
estabelecer regras. A criança amada, feliz, estimulada para o bem e respeitada
será o bom cidadão de amanhã.
Ao criar, manipular materiais concretos, expressar
sentimentos e tomar contato com manifestações artísticas, as crianças descobrem
um universo amplo, de muitas possibilidades e experiências. Além disso, ampliam
sua percepção do mundo, desenvolvem os sentidos e as relações que mantêm entre
si, além de exercitar as habilidades motoras.
Pode-se afirmar que não é fácil
decifrar os sentimentos que são “sentidos” pelas outras pessoas e, também, usar
os conceitos adequados para simbolizar o percebido tanto nos outros quanto em
nós mesmos.
Temos emoções durante o dia todo.
Algumas dessas emoções podem ser percebidas por outras pessoas, outras não. Nem
sempre, mas com freqüência, nós fornecemos pistas para mostrar as emoções
sentidas, indicando que estamos dominados por algumas delas e não por outras.
Isso tem grande importância para nossas relações interpessoais.
As crianças aprendem acerca dos seus
sentimentos e das emoções experimentadas subjetivamente, em grande parte,
através das informações e ou respostas dadas pelas pessoas que convivem com
elas, principalmente pelos adultos, que, além de reagirem às emoções das
crianças, as classificam, isto é, dão nomes a cada uma delas. Essa conduta, em
resposta às expressões emocionais e aos sentimentos exibidos explícita ou
implicitamente pela criança - comentários ou condutas abertas da pessoa que se
encontra próximo - fornece informações de seus processos corporais.
Wallon foi o primeiro a levar não só o
corpo da criança, mas também suas emoções para dentro da sala de aula.
Fundamentou suas idéias em quatro elementos básicos que se comunicam o tempo
todo: a afetividade, o movimento, a inteligência e a formação do eu como
pessoa. As emoções, para Wallon, têm papel preponderante no desenvolvimento da
pessoa. É por meio delas que o aluno exterioriza seus desejos e suas vontades.
Em geral são manifestações que expressam um universo importante e perceptível,
mas pouco estimulado pelos modelos tradicionais de ensino.
O projeto teve início com o espaço “Você
tem medo de quê?”, onde os alunos em uma roda de conversa contaram seus medos e
anseios. Para montagem do espaço confeccionamos tapetes pedagógicos com
gravuras de objetos, animais e coisas que os assustam, também foram usadas diversas
técnicas de pinturas para confecção de móbiles e brinquedos do espaço.
Durante o projeto foram realizadas
diversas atividades em frente ao espelho, explorando seus sentimentos diários e
dramatizações nas brincadeiras, tanto livres quanto dirigidas, tinham a
oportunidade de se admirarem e admirarem seus colegas no espelho.
E como foi divertido e legal fazer massinha,
desenvolveram o trabalho em equipe e o respeito pelo colega esperando sua vez
de amassar, puderam dividir sua satisfação com os familiares levando um pedaço
da massinha depois de pronta para brincarem e mostrarem o resultado do trabalho
em equipe.
Com o primeiro passeio de trenzinho demonstraram diversas
emoções, ficaram ansiosos, assustados, nervosos, felizes e alguns puderam até
superar o medo do desconhecido, pois nunca haviam visto de perto o trenzinho da
alegria.
Demonstraram muita autonomia no painel “Hoje eu
estou...”, chegavam e já mostravam como estavam se sentindo naquele dia,
conversando e comentando com os colegas e professoras o porquê estavam sentindo-se
assim.
Puderam expressar toda sua raiva, arremessando contra a
parede uma tampinha cheia com tinta, ao final dessa atividade apreciaram a
pintura feita no painel anexado na parede.
Não se pode falar em emoção e alegria sem lembrar o amigo
da criançada, o palhaço, essa figura tão divertida e alegre foi trabalhada em
sala com histórias, dramatizações das emoções contidas nas mesmas, com diversas
músicas e, sobretudo pinturas no rosto, onde as crianças se maquiaram e
incorporaram o personagem.
Se no primeiro passeio de trenzinho demonstraram diversas
emoções imagine no primeiro passeio de ônibus, quantas emoções... Alegria e entusiasmo não faltaram no passeio, medo nem pensar. Fomos
até a Casa da Cultura, apreciar a Exposição de Artes da artista Camila Vieira,
que tinha como título “SERES SUPRA-SENSÍVEIS”. Ficaram admirados com a beleza e
ao mesmo tempo curiosos com os quadros e obras tão diferentes e estranhas.
Na volta fizeram muita Arte, misturando, descobrindo e
colorindo com tinta. Como haviam ficado admirados com os “monstrinhos” da
exposição, resolvemos fazer seus próprios monstrinhos com uma atividade de
pintura gêmea. Chamaram “Os seres supra-sensíveis” “de” “monstrinhos”. Cada
criança usou a criatividade e coloriu com bastante entusiasmo. Além de se
divertirem realizando a atividade, aprenderam as cores primárias e misturaram
as cores descobrindo as secundárias.
As histórias infantis despertam diversos sentimentos e
emoções, através delas as crianças viajam no mundo fantástico da imaginação,
nelas são princesas, príncipes, bruxas e lobos malvados sem medo de ousar e
usar a criatividade nas brincadeiras e dramatizações. Descobriram que não são
apenas as pessoas que sentem medo, os animais também sentem e nada melhor que a
história dos “Três porquinhos” para observarem essas atitudes e valores dos
animais. A almofada BRAVA também fez parte dessa dramatização.
Trabalhamos o
medo do escuro, fechando as cortinas e portas da sala num dia chuvoso com o
objetivo de contar histórias com personagens que amedrontam no escuro. Assim
puderam perceber que os personagens não são reais, isso depende da imaginação
de cada um, e quando acendemos a luz tudo está no mesmo lugar. As crianças
adoraram desenhar somente com a iluminação de uma lanterna, apesar de enxergarem
pouco, devido ao escuro, divertiram-se muito, conversavam e comentavam seus
desenhos uns com os outros.
A tinta mexe com a imaginação de todo ser humano quem
dirá das crianças, no decorrer do projeto foram realizadas diversas atividades
com tinta. Diversão, concentração, medo e até raiva fizeram parte das
atividades, realmente pintaram o sete!
Quantas emoções nessa Festa participaram da primeira
Festa Junina do Cmei Ciranda do Saber. Momentos de alegria, diversão e amizade
fizeram da festa ainda mais animada. Foram nesses momentos que as crianças
demonstravam todo seu amor, carinho e respeito pelos colegas, cuidando,
brincando e interagindo com todos. Fizeram a Festa!
Cada brincadeira uma emoção... Diversas brincadeiras
foram realizadas para trabalhar regras e limites, tais como: dança da laranja,
brincadeiras com bola, pegando a bala na bacia, bolinha de sabão, brincadeiras
com bexiga, com música e pega-pega.
Para deixar o
espaço “Quebrando a cabeça” ainda mais divertido e atraente, os alunos
confeccionaram jogos pedagógicos. Nesse espaço desenvolveram seu raciocínio
lógico matemático, montando quebra-cabeças, jogando o boliche, jogo da memória,
brincando e separando tampinhas, além de explorarem o espaço usando a
imaginação nas brincadeiras.
Trabalhamos
com três ritmos de músicas calma, batucada e agitada. Foram realizadas
atividades de grafismo, desenhando ao som desses ritmos. Cada ritmo, emoções,
desenhos e movimentos diferentes. Foi através da música que exploramos o corpo,
a linguagem, o movimento, a noção espacial e a lateralidade.
Os alunos tiveram a oportunidade de superar o medo de
altura, no pátio externo do Cmei fomos até as manilhas, subiram e pularam das
mesmas. Alguns ficaram felizes ao pular, outros sentiram medo e não se
arriscaram.
Passeando pelo Cmei, os alunos encontraram um besouro,
alguns superaram o medo e tentaram segurá-lo. E sem contar a curiosidade ao ver
as máquinas envolvidas nas reformas do bairro.
Confeccionamos um dado das emoções, onde os alunos
imitaram a fisionomia sorteada no dado, dramatizaram as situações
correspondentes, além de brincarem e se divertirem muito com o novo brinquedo
da turma.
Com o decorrer do projeto mandamos para casa dos alunos
“A maleta dos sonhos” (uma contendo livros de histórias, DVD’s e CD’s com
músicas infantis), onde tiveram a oportunidade de passar momentos emocionantes
em família. Dentro da maleta havia um caderno de registros para que os pais
pudessem relatar como foi a chegada da maleta em casa, qual reação a criança
teve e se foi prazeroso recebê-la em casa.
Para trabalhar o medo dos animais desenvolvemos atividades
com a história “O patinho medroso”, os alunos ouviram a história com atenção e
dramatizaram as situações vividas pelo patinho. Foi confeccionado um painel com
a história para anexar no espaço “Você tem medo de quê? ’, depois de pronto o
painel os aluno ficavam apreciando, contando e recontando a história.
Os alunos ficaram felizes em ajudar a
fazer os brigadeiros, esperaram sua vez sem reclamar e ainda prestaram atenção
na professora para não fazer feio, e ainda conseguiram controlar a vontade de
dar uma mordida naquele delicioso brigadeiro, mas como era pra saborear no dia
da televisão, um policiava o outro e ninguém comeu o brigadeiro antes da hora.
Depois de pronto todos ficaram ansiosos para comer e assistir o filme do “Amigo
Urso”.
Foram vários os momentos de alegria,
amizade e companheirismo, assistindo diversos DVD’s onde foram destacados
valores como: amizade, respeito, paciência e trabalho em equipe.
No espaço “Sorrindo à toa” os alunos
tiveram a oportunidade de cantar, dançar e aprender algumas letras nos móbiles
do espaço. Nesse espaço podiam pegar os livrinhos do castelinho e viajar no
mundo das histórias infantis, sem contar dos cartazes confeccionados por eles
nas paredes do espaço.
Nas brincadeiras livres também viveram
diversas emoções, momentos de alegria, amizade e diversão no parquinho, o lugar
predileto doas crianças. Quantos sorrisos, conversas, brincadeiras e até choros
devido aos desentendimentos, mas sempre resolvidos e esquecidos, afinal ser
criança é viver num mundo de brincadeiras.
Confeccionamos um “Túnel do grito”, onde
cada vez que os alunos sentiam raiva ou algum sentimento de braveza, iam até o
túnel e gritando bem alto, para extravasar sua raiva. Esse túnel foi bastante
disputado no espaço “Você tem medo de quê?”.
A música do Cravo e a Rosa fez o maior
sucesso com a turma, os alunos puderam perceber e observar os sentimentos
existentes na música. Adoraram dramatizar a música e foi a mais solicitada
pelos alunos nas rodas de conversa.
Os alunos ficaram ansiosos para conhecer
o cinema, pois esse lugar para muitos era até então desconhecido, alguns
ficaram curiosos e outros sentiram medo, mas no final todos se divertiram.
Desenvolvemos na sala o momento do carinho, onde parávamos tudo que
estávamos fazendo para distribuir abraços. Esse momento deu tão certo que
saímos nas outras turmas distribuindo abraços e carinho para todos.
Quantas emoções durante todo o projeto,
outro momento inesquecível foi o passeio na Prainha e o Piquenique no Morro do
Cristo onde viveram várias emoções, carinho, alegria cuidado com o colega e o
amor que esteve presente em todos os momentos juntos.
Trabalhamos o medo que alguns alunos tinham de dentista,
convidando a dentista Débora e sua equipe para desenvolver atividades
destacando a importância da higiene bucal e desse profissional para tratar dos
dentes e do sorriso de todo mundo.
Confeccionamos as almofadas amigas que ficavam no espaço
“Sorrindo à toa” para as crianças dramatizarem, brincarem e até descansarem com
as amigas almofadas. Cada criança se identificava com uma almofada se tornando
sua preferida nas brincadeiras.
Para finalizar nosso projeto organizamos a FESTA DA
AMIZADE no Cmei. Convidamos todas as turmas e chamamos os palhaços Alegria e
Sorriso para divertir a criançada. A festa teve várias emoções e pra finalizar
os alunos foram distribuir pirulitos nas outras turmas.
Os alunos apresentaram confiança nas
professoras, nos colegas e no Cmei, respeitando e demonstrando carinho pelos
colegas, uma reciprocidade de gestos e palavras de carinho. Também uma
confiança muito grande para contar seus medos e anseios de casa e do Cmei.
No início tinham dificuldade em
demonstrar seu carinho e sentimentos pelos colegas e professores. Atualmente
conversam e interagem com respeito uns pelos outros, quando acontece alguma
divergência eles próprios procuram conversar e se desculpar.
Com o passar do tempo, os alunos antes
nervosos e agitados conseguiram e fizeram nós percebermos que quando falamos,
conversamos com a família e com os próprios alunos sobre seus medos, alegrias,
tristezas e o porque choram, brigam ou ficam bravos, isso faz-se possível um
ambiente mais cooperativo, tranqüilo e com muito amor.
Foi gratificante vê-los chegando na sala
alegres e receptivos, como cada gesto, palavra de carinho com os colegas e
professoras, fez valer a pena todo o trabalho desenvolvido.
E como diz a música “se choramos ou se
sorrimos, o importante é que emoções viveram...”
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
GOLEMAN, Daniel. Inteligência emocional:
a teoria revolucionária que redefine o que é ser inteligente. Rio de janeiro:
Objetiva, 1995.
RCN’s, Referencial curricular nacional
para a educação infantil. Volume3: Conhecimento de mundo. Brasília, 1998.
NAVARRO, Adriana de Almeida. Estimulação
precoce: Inteligência Emocional e Cognitiva. Ed.
ALVARENGA, Galeno. O poder das emoções.
2010.
Site: educarparacrescer.abril.com.br/aprendizagem/henri-wallon-